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Saiba mais sobre Quem criou Deus?:
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A pergunta quem criou Deus? consiste numa objeção ao argumento cosmológico[1] e às vezes é usado como argumento contra a existência de Deus.[2]

A pergunta é efetuada de várias maneiras, variando-se no uso dos termos "causa", "criador" e "designer" (projetista). Em alguns casos ela é feita iniciando-se por uma condicional "se", como em "Se Deus criou tudo, então quem criou Deus?"[3] ou "se tudo precisa de uma causa, então o que causou Deus?".[4]

O argumento é muito comum entre o ateísmo popular e é constamente discutido na Internet (muito embora alguns poucos filósofos o tenham como convicente, como é o caso de Massimo Pigliucci.[5]) Entre os populares de renome que já defenderam o argumento encontram-se o neurocientista e autor Sam Harris[6] e, de uma forma mais sofisticada, o biólogo Richard Dawkins através do seu argumento Boeing 747 Definitivo.[nota 1] Na internet, a pergunta é defendida em sites como Iron Chariots Wiki[7] e criticado em sites como ChristianAnswers.net,[8] Evidence for God from Science,[9] Does God Exist?[10] e GotQuestions?[11]. Teístas como o filósofos e teólogo William Lane Craig observam que este argumento é muitas vezes apresentado como "o argumento que definitivamente destrói o teísmo".[12]

Situação e aplicação[]

Até o século XX, a objeção "Quem criou Deus?" era comum entre os ateus quando a apologética teísta (sobretudo a cristã) apontada Deus como o Criador do Universo, sobretudo através do argumento cosmológico[fonte?]. Todavia, com o aparecimento da cosmologia do Big Bang, a utilização deste argumento entre os ateus eruditos vem decrescendo[fonte?], embora a objeção ainda seja comum entre os ateus de menor 'escalão'. Mesmo assim, alguns ateus da mais alta sociedade ainda fazem ou faziam uso do argumento como, por exemplo, Richard Dawkins - embora ele o utilize na forma "quem desenhou o Desenhista?", uma resposta mais apropriada ao argumento teleológico.

Apologética[]

O argumento "quem criou Deus?" não é aceito pela comunidade teísta sob a alegação de que ele possui problemas de natureza lógica.

A necessidade de uma causa para a existência de uma entidade só existe em termos da existência de uma segunda entidade caso a primeira seja uma entidade contingente, i.e. uma entidade que existe dependendo de outra numa relação causa/efeito. Isso não ocorre quando se trata de entidades necessárias, cuja causa não é exterior, mas simplesmente não precisa de nenhuma causa - tal entidade existe por si mesma. No caso, se Deus existe, então Ele é uma entidade necessária; logo, não há nenhuma causa externa a Ele, nenhum "Criador do Criador". No momento em que tal pergunta é efetuada, a definição de Deus como entidade necessária é quebrada e está-se a tratá-Lo como uma entidade contingente, uma ação inválida.

Relacionado à isso, constata-se também que Deus é, por atributo, eterno e atemporal; Ele não só não precisa, como também não tem nenhuma causa que O originou, desenhou ou causou; Deus sempre existiu e existiu por conta própria. Perguntar, portanto, "quem criou Deus?" é perguntar "quem criou o incriado Criador?", e semelhantemente "quem desenhou o Desenhista?" é o mesmo que "Quem desenhou o Desenhista não-desenhado?" e bem assim "o que causou a Causa?" é o mesmo que perguntar "o que causou a causa não-causada?", é logicamente inconsistente tal qual desejar desenhar um triângulo de quatro pontas ou um círculo de quatro lados.

Uma outra resposta viável, normalmente desferida contra o argumento Boeing 747 Definitivo do biólogo ateu Richard Dawkins, é a de que "não se precisa saber a explicação da explicação para que esta seja aceita". Em outras palavras, podemos dizer que o universo foi causado por Deus sem saber qual foi a causa daquele (se teve), ou alguma explicação profunda sobre a natureza de Deus, etc..[13]

Contra-apologética[]

Em relação à respostas apologéticas acima, alguns ateus têm tentado defender-se com relação à sua objeção. Segue uma lista destas tréplicas com os respectivos comentários.

Aplicação ao universo[]

Uma resposta típica à alegação de que "Deus não tem uma causa" e bastante utilizada por ateus de baixa classe, como Carl Sagan, é apontar a questão para o próprio universo em frases como: "Se Deus não tem uma causa, por que o universo tem?" ou "Se Deus não precisa de um Criador, então o Universo também não precisa".[14]

Tais respostas, todavia, são infundadas e baseadas em espantalhos, pois a questão da necessidade do universo de uma causa é justamente o "coração" do argumento cosmológico, de forma que tais perguntas revelam que o ateu está a ignorar o que o argumento diz para que possa respondê-lo, uma resposta falaciosa. Essa resposta também revela desconsideração aos conceitos e definições, porque enquanto o próprio conceito de Deus invoca a sua não-causalidade, o conceito do universo não exige dele a mesma coisa (semelhante a dizer: "Se Deus existe, sabemos que Ele não é causado e isso vem do seu próprio conceito; por outro lado, o conceito do universo não evoca a sua não-causalidade; a princípio, não sabemos se o universo tem ou não uma causa"), antes pelo contrário: os argumentos cosmológicos justamente tentam demonstrar o contrário e com isso defender que Deus existe.

Indução à partir do universo[]

Pessoas como Lewis Wolpert alegam que "se o universo precisa de uma causa, então Deus precisa de uma causa".[15]

Todavia, tal argumento é non sequitur.[15]

Petição especial[]

Uma das alegações no que diz respeito a idéia de "Deus não tem uma causa" é a observação de que é necessário que um teísta dê uma explicação para isso, pois do contrário tornar-se uma petição especial.[1]

Todavia, isso não é petição especial.[3][12]

Trata-se de ironia[]

Uma forma de defender-se a objeção ateísta é apontar para a idéia de que a objeção não é uma consideração filosófica, mas uma ironia pois, para o ateu, perguntar a causa de um ser que, segundo suas convicções, não existe é meramente um absurdo.[16]

Tal resposta, todavia, em nada ajuda o ateísmo, pois se isso for verdade em todos os casos em que um ateu utiliza-se desta objeção, então algumas conclusões podem ser tiradas: 1) os ateus não compreendem o argumento [cosmológico] e tampouco sabem responder um de forma racional, filosófica e coerente; 2) os ateus não sabem dar respostas filosóficas ao nível de um argumento e precisam recorrer a graças, cujo momento apropriado é outro que não numa discussão séria, para que não precisem aceitar a existência de Deus - neste caso, uma demonstração de falta do uso da razão e de que o ateísmo de tais indivíduos não é racional, mas fundamentado na simples falta de vontade de aceitar que Deus existe, ou ainda uma demonstração de covardia em não aceitar que está errado.

Conclusão[]

Notas

  1. Veja Deus, um delírio e a página sobre o argumento de Dawkins.

Referências

  1. 1.0 1.1 Retirado de Cosmological argument na Wikipédia anglófona (em inglês). Página acessada em 31 de dezembro de 2010.
  2. What Caused God? (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Debate entre Craig e Lewis Wolpert. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 18 de fevereiro de 2009. Visualizado em 31 de dezembro de 2010. - Situação em que Lewis Wolpert usou esta pergunta como argumento.
  3. 3.0 3.1 If Eveything Needed a Creator, Then Who Created God? (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 3 de março de 2009. Visualizado em 1 de outubro de 2010.
  4. Geisler, Norman. Questions About God—Some Objections (em inglês). 'When Skeptics Ask, Norman Geisler and Ron Brooks, Victor Books, 1990. Página visitada em 8 de outubro de 2010.
  5. Pigliucci, Massimo. The Craig-Pigliucci Debate: Does God Exist? (em inglês). Leadership University. Página visitada em 16 de março de 2011. "Another problem is what I call the infinite regression problem. Let's even assume that we do need a God or some kind of supernatural entity in order to explain the universe; well, then, the obvious following question is: where does God come from? I never could get an answer to that. And if the answer is that he was always there, that is exactly the same as saying that matter and energy were always there. There is no difference there."
  6. Causation and Infinite Regress (em inglês). Estrelando Randall Niles. Publicado no YouTube por reflect7 em 04/12/2008. Visualizado em 29 de março de 2011. Duração: 3:55.
  7. Who created God? (em inglês). Iron Chariots Wiki. Página visitada em 31 de dezembro de 2010.
  8. Sarfati, Jonathan (1998). Who created God? (em inglês). ChristiansAnswers. Página visitada em 19 de junho de 2010.
  9. Deem, Rich. If God Created Everything, Who Created God? (em inglês). Evidence for God from Science. Página visitada em 19 de junho de 2010.
  10. Clayton, John N. (12 de outubro de 2008). WHO CREATED GOD? (em inglês). Does God Exist?. Página visitada em 5 de outubro de 2010.
  11. Who created God? Where did God come from? (em inglês). GotQuestions.org. Página visitada em 5 de outubro de 2010.
  12. 12.0 12.1 What Caused God? (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Presente na lista de reprodução "Defending the Cosmological Argument by William Lane Craig" (link). Publicado no YouTube por drcraigvideos em 20 de dezembro de 2009. Visualizado em 31 de dezembro de 2010.
  13. Intelligent Design: Who Designed the Designer? (em inglês). Estrelando Jay Richards. Publicado no YouTube por DiscoveryInstitute. Visualizado em 31 de dezembro de 2010.
  14. Then where did the big bang come from? (em inglês). Estrelando Carl Sagan. Publicado no YouTube por bishop8000 em 31 de janeiro de 2007. Visualizado em 1 de outubro de 2010.
  15. 15.0 15.1 What Caused God? (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Debate entre Craig e Lewis Wolpert. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 18 de fevereiro de 2009. Visualizado em 31 de dezembro de 2010.
  16. Talk:Quem criou Deus?




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