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O problema do mal excessivo é uma versão do problema do mal que fundamenta-se sobre a alegação de que há mal em quantidade excessiva no mundo para concluir que Deus não existe.[fonte?]

Esquematizado de uma forma dedutiva, o argumento poderia ser visto da seguinte maneira:

  1. Se Deus existe, então não haveria uma quantidade excessiva de mal.
  2. Há uma quantidade excessiva de mal.
  3. Logo, Deus não existe.

Já numa forma indutiva, o argumento pode ser colocado da seguinte forma:

  1. Se há uma quantidade excessiva de mal, então Deus provavelmente não existe.
  2. Há uma quantidade excessiva de mal.
  3. Logo, Deus provavelmente não existe.

Avaliação[]

O problema falha porque não há uma maneira razoável (i.e. um ponto de referência) para poder-se atestar que a quantidade do mal no mundo é de fato excessiva. De fato, é perfeitamente concebível a existência de mundos possíveis onde há "quantidades" muito maiores de mal do que este, de maneira que à luz destes mundos este não poderia ser considerado um com mal excessivo.

Em segunda instância, questiona-se se o mal pode ser mensurável como uma quantia de qualquer maneira. Tendo em vista que o mal é uma "entidade abstrata" e não uma entidade física, aparentemente não há uma maneira de mensurá-lo razoavelmente para que a premissa "há muito mal no mundo" possa ser defendida. À princípio, a única maneira de se fazer isso seria estipulando-se um padrão objetivo que determinasse o que é um standart de bem segundo o qual o mundo possui mal excessivo. Todavia, o único candidato razoável a ser um standart seria o próprio Deus, de maneira que para poder funcionar o argumento deveria pressupor a válida do teísmo, ou seja, a falsidade da sua conclusão, tornando-se necessariamente inválido. Mas ao desconsiderar-se a existência de Deus e não havendo outro candidato plausível a standart,[1] a alegação de que há uma quantidade excessiva de mal torna-se totalmente dependente da visão de cada um e muito embora o defensor do argumento possa achar que há uma quantidade excessiva de mal, Deus, ao permitir que tal mundo vir a existência, pode ter pensado de forma contrária. De fato, é perfeitamente concebível que Deus olhe o nosso mundo e diga uma alegação inversa ao que o argumento propõe. Falando de modo sarcástico, Deus pode estar olhando o nosso mundo e dizendo:

Humpf! Que Deus maravilhoso que eu sou com esses humanos! Eles mereceriam o inferno logo em seguida do seu primeiro pecado e muito embora a maioria deles já tenha cometido mais de cinco mil pecados nas suas vidas eu ainda não mostrei nem 10% de males que eles merecem!

No final, as observações acima demonstram que a premissa "há uma quantidade excessiva de mal no mundo" comete a chamada falácia de premissa subjetiva, postulando uma idéia que depende da opinião do observador e, portanto, não é um fato concreto. Como para um argumento ser válido é necessário que suas premissas sejam verdadeiras, conclui-se que o argumento é inválido.

Por fim, critica-se a própria alegação da existência do mal pois, de acordo com muitos teístas, a própria alegação de que há mal no mundo depende da pressuposta existência de Deus, de modo que o argumento não pode ser válido porque sua conclusão precisa ser falsa para que sua premissa seja verdadeira. Veja argumento do mal e falácia da contradição.

Referências

  1. Vale observar que os desejos próprios de uma pessoa não constituem um candidato viável para ser standart, pois neste caso ou os valores morais são subjetivos ou objetivos, de maneira que se estipulado a primeira, conclui-se não haver standart real e o argumento comete a falácia de premissa subjeta, enquanto que a segunda pressupõe a existência de Deus, o que tornaria o argumento inválido desde o princípio.


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