Deus e ônus da prova |
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Argumentos não teístas |
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Argumentos teístas |
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Argumentos neutros positivos |
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Argumentos neutros negativos |
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A chamada presunção ateísta é um comportamento demonstrado por alguns ateus que baseia-se na afirmativa de que, embora muitos ateus tenham apresentado argumentos contra a existência de Deus, isso não é necessário para estabelecer-se a racionalidade do ateísmo. Afirma-se, segundo essa corrente, que há uma presunção para o ateísmo; por causa da simples natureza do teísmo, todos devemos ser ateus até que tenhamos sido apresentados a fortes evidências para o teísmo, mesmo que nós não tenhamos nenhum argumento específico para o ateísmo.[1] O argumento está fortemente relacionado à questão do ônus da prova entre o teísmo e ateísmo e suas respectivas "obrigações" no quesito de mostrar provas/evidências de que Deus existe ou não, bem como no caso da redefinição do termo "ateísmo".[2]
Avaliação[]
Embora possa parecer ser prima facie persuasivo, o proposta da presunção não se sustenta por uma série de motivos:
- Já há palavras para "aqueles que não crêem em uma divindade": "descrentes" e "não teístas", de maneira que a redifinição fica totalmente injustificada e desnecessária - um mero jogo de palavras.
- A posição classicamente conhecida como "ateísmo" não "desapareceu" porque o termo foi redefinido; antes, ele continua presente e denotando uma visão que requer o seu próprio ônus de prova. Nesse contexto, o agnosticismo permanece como a posição padrão;
- A proposta não chega a alterar nenhuma das regras até então vigentes: quem faz a afirmação da negativa possui tanto ônus da prova quanto quem faz a afirmativa, de maneira que não importa como a palavra "ateísmo" for usada, tudo permanece o mesmo quanto às posições em si. Em outras palavras, tudo o que a presunção ateísta acabaria fazendo é dando a oportunidade para aqueles que são descrentes poderem usar uma palavra para se descreverem que, até então, não poderiam fazer por significar outra coisa;
- Se for permitido que se altere a definição de "ateísmo", então deveria ser igualmente possível alterar a definição de "teísmo" e "teísta", no caso, para "crença em Deus" e "aquele que acredita que Deus existe" respectivamente. Sendo apenas uma confissão de status de crença tanto quanto o ateísmo (só que na afirmativa), o teísta acabaria igualmente sem precisar justificar a sua posição por também não estar fazendo nenhuma afirmação existencial.
- Ultimamente, o descrente continua na posição de justificar a sua descrença: ele não crê porque acha que Deus não existe, por que não sabe se existe ou por outro motivo. Dessa forma, aquele que é descrente porque entende que Deus não existe continua requerendo ônus da prova sobre essa justificativa, ainda que se aceite a redefinição.
Referências
- ↑ The Presumption of Atheism (em inglês). Philosophy of Religion. Página visitada em 13 de outubro de 2010.
- ↑ Craig, William Lane. Theistic Critiques Of Atheism (em inglês). ReasonableFaith.org. Página visitada em 13 de outubro de 2010.
- Antony Flew. The Presumption of Atheism by Antony Flew (em inglês). Página visitada em 12 de novembro de 2010.
- The Presumption of Atheism (em inglês). Estrelando William Lane Craig, et. al.. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 28/08/2011. Visualizado em 05 de setembro de 2011. Duração: 39:17.
- Is atheism the default position? (em inglês). Estrelando Matt Dillahunty. . Visualizado em 11 de março de 2011. Duração: 5:58.
- Copan, Paul. The Presumptuousness of Atheism (em inglês). Página visitada em 7 de março de 2015.
- Williams, Peter S.. Lewis Wolpert's Presumption of Atheism and the 'Insufficient Evidence' Objection to Belief in God (em inglês). Página visitada em 7 de março de 2015.
- Lowder, Jeffery Jay (2000). Is Atheism Presumptuous? (em inglês). Internet Infidels. Página visitada em 7 de março de 2015.