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A objeção da simples possibilidade (ou "apelo ao futuro") é uma resposta ateísta comum aos argumentos para a existência de Deus que consiste em dizer que "[talvez] no futuro a ciência irá responder/refutar este argumento". Trata-se de uma defesa bastante comum entre neo-ateus. Uma das justificativas apontadas para esta posição consiste na defesa de que um dia a ciência irá ter todas as respostas, uma alegação as vezes sustentada com base no sucesso da ciência em encontrar respostas para as perguntas levantadas pela humanidade.

Avaliação[]

Esta resposta é descartável por uma série de motivos:

  • A alegação de que a ciência vai responder todas as perguntas consiste numa fé naturalista indefensável, tendo em vista que a ciência pressupõe muitas coisas que ela mesma não pode "responder" (veja cientificismo). No mínimo, a ciência precisaria da filosfia como suporte.
  • O uso da razão exige que analisemos as razões (evidências, argumentos, etc.) que temos atualmente para chegarmos a conclusões, não razões que possivelmente virão no futuro.
  • Muitos dos argumentos para a existência de Deus são argumentos dedutivos, e este tipo de argumento requer que pelo menos uma de suas premissas seja falsa para que seja derrubado. De acordo com as regras de argumentação, não basta apenas mostrar que a premissa é possívelmente falsa.[1]
  • Ao contrário do que o ateu dá a entender, a idéia de que as premissas de um argumento ou mesmo ele como um todo poderá ser um dia refutada pela ciência está presente em todos os argumentos, não só os para a existência de Deus: todas as premissas de todos os argumentos estão passíveis da possibilidade de no futuro elas virem a ser demonstradas falsas ou pela ciência ou pela filosofia, muito embora hoje elas possam ser muito convincentes. A história da ciência e da filosofia nos mostra que o que pode ser muito convincente atualmente para ambos os lados da discussão poderá ser um dia refutado, tal como aconteceu com o argumento ontológico na versão original de Anselmo em frente às críticas de Kant ou ao problema do mal de Epicuro diante da defesa do livre-arbítrio de Alvin Plantinga. Portanto, admitir esta objeção como válida acabaria pode destruir a confiança em todos os argumentos, não só para o teísmo e ateísmo quanto para agnosticismo, apanteísmo, acognosicismo, verificacionismo, racionalismo, modernismo e pós-modernismo e toda e qualquer outra posição religiosa ou filosófica existente, de modo que todos ficaríamos perdidos sem posição ou crença alguma "porque todo argumento poderá ser um dia refutado pela ciência [ou filosofia]". Esta posição de "perdidismo"[2] é simplesmente intolerável em termos práticos e teóricos, já que sempre teremos alguma posição referente a algum assunto e, se o argumento fosse verdadeiro, então ele também precisaria ser descartado já que ele também poderia vir um dia a ser demonstrado falso pela ciência [e filosofia].
  • O raciocínio, como demonstrado no ponto anterior, tornaria o ateísmo do crítico injustificado.

Veja também[]

Referências

  1. Craig, William Lane. The Leibnizian Cosmological Argument (em inglês). ReasonableFaith.org. Página visitada em 20 de dezembro de 2010. "Now keep in mind what I mean by a “good argument.” I mean an argument which (i) is logically valid; (ii) has true premisses; and (iii) has premisses which are more plausible than their negations. In order to show that an argument is no good, it is not enough for the sceptic to show that it’s possible that a premiss is false. Possibilities come cheap. I’m puzzled that so many laymen seem to think that merely stating another possibility is sufficient to defeat a premiss. This is mistaken, for the premisses of an argument need be neither necessary nor certain in order for that argument to be a good one. The detractor of the argument needs to show either that the premiss in question is false or that its negation is just as plausibly true as the premiss itself."
  2. Perdidismo de "perdido".


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