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Uma objeção ateísta comum contra as religiões em geral é mencionar todos os males realizados em nome da religião ou como consequência de uma. Exemplos utilizados são os ataques terroristas islâmicos de 11 de setembro de 2001, as Cruzadas e os sacrifícios humanos realizados por muitas religiões pagãs. Esta objeção é comumente expressa falando-se que "pessoas mataram (e ainda matam) em nome de seu Deus".

A utilização desta objeção normalmente é acompanhada com o fim de demonstrar que as religiões são ruins e, portanto, não devem ser aceitas. Ela também é utilizada como contra-argumento a um argumento da moral (um tipo de argumento que atesta que a existência de valores morais implica na existência de Deus), neste caso normalmente afirmando-se que "é perceptível que não se deve buscar lições de moral em religiões".

Apresentação[]

A objeção pode ser apresentada, em sua forma mais detalhada, mencionando-se, por exemplo, passagens bíblicas onde os israelistas mataram até raças inteiras em função de 'supostas' ordens do seu deus Jeová.

Outras maneiras de se apresentá-la inclui:

  1. alegando que o deus de uma determinada religião é mal através da exposião dos atos alegados a ele (por exemplo, as ordens do Deus abraâmico ao povo hebreu que deveria exterminar os cananeus);[fonte?]
  2. alegando que a religião é má de forma direta (por exemplo, apontando doutrinas que são tidas como más hoje em dia, como a ordem de Deus de matar-se as mulheres adúlteras no caso do Judaísmo);[fonte?]
  3. afirmando-se que "pessoas matam em nome de Deus";[fonte?]
  4. afirmando-se que pessoas mataram "motivadas pela sua religião";[1]
  5. eventualmente outras formas.

Estes pontos serão analisados nas seções a seguir.

Mal por obediência[]

Uma das acusações levantadas diz respeito à ações imorais perpretadas por indivíduos religiosos que alegam terem-nas feito porque foram, de alguma maneira, comandadas por suas religiões a fazerem-nos. Esta objeção pode ser levantada tanto no sentido de experiência pessoal, utilizando-se de exemplos em que pessoas cometeram crimes e alegaram que o fizeram porque algum ser divino (e.g. Jesus) ordenou-lhes, numa experiência, a fazê-los, quanto no sentido de doutrina e/ou mandamento prescrito num material sagrado, como no caso das interpretações da jihad feitas por radicais islâmicos com base no Corão.

Deus mal por seus atos[]

Uma versão da objeção visa criticar as religiões baseado nas ações que diz-se que uma determinada divindade operou, ações que são acusadas de serem más. Por exemplo, o autor e neuroscientista Sam Harris usou-se de um argumento para acusar que o Deus da Bíblia é imoral tendo em vista as histórias de suas ações contadas no Antigo Testamento.[2]

Más doutrinas[]

Alguns críticos, como Christopher Hitchens, alegam que doutrinas religiosas são imorais.[3]

Em nome de Deus[]

Uma "versão" relevante consiste numa acusação direta contra a ação de muitos religiosos, em especial islâmicos, judeus e cristãos, alegando que tais indivíduos "mataram em nome de Deus", i.e. acreditaram seriamente que Deus os estava mandando matar.

Uma dos contextos em que esta afirmação é normalmente alegada é quando um teísta acusa o ateísmo de também ser responsáveis por grandes males através da menção de Stalin, Pol Pot e eventualmente outros indivíduos que, sendo ateus, praticaram crimes contra a humanidade. A tradicional resposta a esta afirmação é alegar que tais indivíduos "não fizeram isso em nome do ateísmo", ao contrário dos religiosos que, na maior parte dos casos, executaram suas ações em nome de sua religião e/ou do seu deus.

Motivação religiosa[]

Esta é uma das versões mais comuns nos níveis baixos do ateísmo (novo ateísmo) nos dias atuais, sendo defendida por pessoas como Cristopher Hitchens.[1]

Avaliação[]

De acordo com o ponto de vista cristão, esta objeção reside em incompreensões acerca da natureza de Deus e é permeada por auto-contradição.

Deus sob valores morais[]

A alegação de que Deus é mal em função das ações que Ele teria ordenado - a execução de atos comumente tidos como maléficos -, como a famosa execuação dos cananeus,[4] simplesmente não se sustém sobre a cosmovisão cristã. É largamente aceito que as leis morais que Deus passou na Bíblia são para o cumprimento do ser humano, não do próprio Deus; como Autor da vida, Deus possui total autoridade sobre ela para fazer o que bem entender e, logo, também é "por profissão" o maior assassino do universo, sem que isso lhe seja imputado como imoral. A posição de Deus permite que Ele opere e permita a ocorrência de vários acontecimentos maléficos sem que isso lhe acarrete em imoralidade, pois lhe é seu direito fazê-lo.[5]

Matar em nome de Deus[]

A menção às pessoas que "matam em nome de Deus" também é inválida, pois o que justifica uma acusação não é alguém fazer uma ação "em nome de" algo ou alguém, mas se este algo ou alguém determinou que isso fosse feito ou, ao menos, "abriu as portas" para que ocorresse. Por exemplo, um indivíduo A não deve ser tido como culpado porque B matou um indivíduo C "em nome de A", a menos que A tenha sido o mandatário da ação. Dessa forma Jesus, por exemplo, não é culpado porque os cruzados mataram em Seu nome, a menos que Ele tivesse ordenado tal ação, o que biblicamente sabemos que não ocorreu. Para o caso de Deus ter realmente mandado matar alguém, cai-se no mesmo ponto do item anterior.

Por outro lado, esta objeção recai mais sobre o ateísmo. É sempre alegado que, ao contrário dos religiosos, Stalin e Pol Pot não "mataram em nome do ateísmo". Todavia, é facilmente atestado que mesmo que oficialmente tais homens nunca mataram "em nome do ateísmo", eles o fizeram por causa do ateísmo, tanto no sentido de que o ateísmo permitiu que seus atos fossem executados (quando o Cristianismo nunca permitiu que os atos ruins em nome de Cristo o fossem) como também porque a filosofia e as consequências da cosmovisão ateísta (como a negação do inferno) estavam profundamenta relacionadas de forma causal com os eventos por eles efetuados. Pode-se argumentar com efeito que se eles tivessem, por outro lado, seguido a fé cristã, por exemplo, não teriam feito aquelas ações. Logo, o ateísmo é culpado de permitir que seus membros executem atos maléficos, mas não o Cristianismo.

Motivação religiosa[]

Mais de uma resposta podem ser dadas à questão dos males executados por religiosos que foram motivados pelas suas religiões a cometerem as atrocidades por eles executadas. O primeiro ponto consiste em analisar que o fato de alguém fazer algo motivado pela sua religião não necessariamente torna tal religião ruim, a menos que tal motivação seja dependente dela no sentido de que "ela ordenou que assim fosse feito". Uma segunda resposta consiste em apontar uma falácia de generalização nas análises feitas pelos críticos, tendo em vista a primeira objeção. Ainda uma terceira objeção consiste na péssima análise histórica que muitos indivíduos fazem ao mencionar seus exemplos de atrocidades que teriam supostamente ocorrido por causa das religiões.

Ligação ilógica e extrapolativa[]

Talvez a objeção mais concreta a todos os tipos em que esta objeção é apresentada diz respeito à falsa ligação que esta realiza. Em quase todos os casos, a conclusão de que as religiões são más não segue logicamente dos exemplos apresentados, por o fato de alguém realizar uma atitude em nome de alguma religião (ou de alguma pessoa, como Deus) não torna esta religião (ou esta pessoa) ruim por si mesma, logo não justificando o ato de repudiá-la. Por exemplo, se o indivíduo A matar um indiviuo C e, diante do juiz, alegar que o fez em nome de B, isso não torna B culpado a menos que B tenha ordenado que A fizesse tal ação. No caso, vários exemplos dados por ateus, como as Cruzadas, constituem ações que, de fato, foram feitas em nome de Deus, mas que visivelmente Deus não as havia ordenado. Logo, o fato de alguns ditos cristãos terem matado muitas pessoas em nome de Deus nas cruzadas não justifica chamar o Cristianismo de uma religião ruim ou Deus de mal, pois suas doutrinas não respaldavam as ações dos cruzados.

Falácia de generalização[]

Má análise histórica[]

Um outro erro normalmente cometido nesta versão da objeção consiste numa péssima análise histórica dos eventos apontados.

Normalmente os eventos que são comumente apontados como tendo ocorrido por motivação religiosa, como os ataques ao World Trade Center em 2001, são, na verdade, motivados por puras causas políticas, territoriais[6] e históricas, sendo que as religiões foram apenas utilizadas como método de atrativo para aquisição de partidários e/ou justificativa pública dos atos cometidos. Os ataques de 11 de setembro, por exemplo, não foram motivados por questões religiosas, mas puramente políticas, envolvendo toda a relação da histórica manipulação política e militar efetuada pelos Estados Unidos no Oriente Médio, incluindo o próprio Osama Bin Laden, bem como as demais influências ocidentais na região, como os acertos entre Inglaterra e França bem como seus respectivos domínios naquela região, finalizando com a construção do Estado de Israel em território já historicamente islâmico bem como suas relações amigáveis com o governo norte-americano. Muito embora, de fato, as gravações e evidências demonstrem que os membros da Al Qaeda sempre mencionam a religião islâmica ao citarem Alá quando se manifestam, é muito mais provável que isso ocorra pelo simples fato de que crêem não estarem simplesmente baseando-se em questões políticas em suas ações, mas realmente "fazendo a vontade de Alá", como também de estarem tentando se justificar perante o povo islâmico ao mesmo tempo em que procurar por indivíduos que se unam à sua causa por acreditarem neste quesito. Uma análise histórica acurada demonstra que a maioria dos eventos apontados se enquadram nessa mesma categoria de erro.

Notoriedade dos números[]

Uma outra forma de contra-argumetar a esta objeção é tocar no quesito de números (que de certa forma relaciona-se à objeção sobre matar em nome de Deus).

Muito se especula popularmente sobre "as milhares de pessoas" que morreram por motivos religiosos. Desconsiderando-se os pontos mencionados anteriormente e admitindo-se a veracidade da afirmação, uma simples constatação histórica revela que um ateu não possui muita autoridade para suas argumentações pela questão numérica entre as mortes diretas por religião e as pela arreligião (ateísmo). Por exemplo, a Inquisição é tradicionalmente apresentada como evento que matou muitas pessoas, enquanto que, por exemplo, na parte espanhola (que durou em torno de 350 anos), matou um número em torno de duas mil pessoas, algo em torno de cinco pessoas por ano: um valor superior ao que Pol Pot matou em um dia.[6] Esta contra-argumentação é ainda endossada quando nota-se que a maior parte dos eventos em que muitas pessoas foram mortas por questões religiosas ocorreram a séculos ou até milênios atrás, enquanto que as mortes por regimes ateus ou não-cristãos ocorreram no século passado e, no caso da Coréia do Norte, ainda atualmente.[6]

Conclusão[]

Referências[]

  1. 1.0 1.1 D'Souza, Dinesh. The Great Debate: Dinesh D'Souza v. Michael Shermer P2 (vídeo) (em inglês). Debate. YouTube. Vídeo visualizado em 1 de maior de 2010.
  2. William Lane Craig on Dan Barker and Sam Harris (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Publicado em 20 de agosto de 2009. Visualizado em 16 de outubro de 2010.
  3. The Immoral Teachings Of Christianity (em inglês). Estrelando Christopher Hitchens. Publicado no YouTube por ChristopherHitchensV em 30/04/2009. Visualizado em 26 de março de 2011. Duração: 3:52.
  4. Craig, William Lane. O Extermínio dos Cananeus (em português). Página visitada em 27 de abril de 2010.
  5. Piper, John (6 de março de 2010). Como Deus pôde Matar Mulheres e Crianças? (vídeo) (em inglês (legendado)). Programa. YouTube. Vídeo visualizado em 1 de maio de 2010.
  6. 6.0 6.1 6.2 D'Souza, Dinesh. The Great Debate: Dinesh D'Souza v. Michael Shermer P3 (vídeo) (em inglês). Debate. YouTube. Vídeo visualizado em 1 de maior de 2010.
  • Ward, Keith. Faith, hype and a lack of clarity (em inglês). The Tablet. Página visitada em 17 de março de 2011. "What, then, about the claim that religion is the root of all evil? The twentieth century saw more people killed in warfare than any other century. Two world wars, the Falklands conflict, Vietnam and Korea, the massacre of dissidents in Russia ? the list is long and tragic, but religion does not figure as a significant factor. Ironically, science does, since it is scientists who have designed weapons of mass destruction that can destroy the world, and built the arsenals that have made modern warfare possible. Has science, then, produced more evil than religion? Lazy thinking would undoubtedly say yes. But what we really need to do is distinguish, and point out that it is the use of science by those with a blind will for power that is evil, while science can be used for good in medicine and agriculture. So it is with religion. Religion can be used by those with a blind will for power (though the ?religious? need scientists to make their bombs). But religion is also the source of immense good ? hospitals, hospices, relief organisations, universities and schools, great cath-edrals, music, art and literature and philosophy. Would the world be better without such things?"
  • Deus, um Delírio? Um Debate entre Richard Dawkins e David Quinn (em português). Página visitada em 20 de março de 2011. "Bem, eu penso que é bastante óbvio. Se você olha para o Oriente Médio, se você olha para Índia e Paquistão, se você olha para a Irlanda do Norte, há vários e vários lugares em que a única base para a hostilidade que leva facções rivais a se matarem é a religião."



Objeções comuns contra ateísmo e teísmo
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