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O chamado argumento do sucesso da ciência, defendido por alguns ateus como Austin Dacey,[1] alega que o sucesso da ciência, que não precisou fazer uso da hipótese de Deus para encontrar as respostas para boa parte do funcionamento do cosmos, consiste numa evidência contra a Sua existência. O argumento pode vir a ser apresentado sobre a premissa de que, se Deus existisse, Ele teria tido uma presença maior nos descobrimentos da ciência tendo em vista a sua importante relação com o Universo.

Exposição[]

Avaliação[]

Algumas críticas já foram lançadas sobre o argumento, e em função disso os teístas não consideram-no como bem-sucedido.[2] Segue uma lista dos contra-argumentados apresentados.

Ligação profética[]

Em primeira instância, pode-se argumentar que o sucesso (e crescimento) da ciência não é evidência contra a existência de Deus, mas antes não só O defende como também confirma o sucesso de profecias bíblicas. É sempre lembrado que o profeta Daniel recebeu de um anjo e escreveu, 600 anos a.C., que o conhecimento iria aumentar:

"Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará."
Daniel 12:4

Logo, pode-se alegar que o desenvolvimento da ciência, independente da presença de Deus como hipótese explanatória, mais se parece com o cumprimento de profecia bíblica do que alguma evidência contra a Sua existência.

Esta resposta, todavia, é bastante fraca e deve ser evitada, já que ela parece fugir da questão da presença ou não de Deus na ciência e focar no sucesso da ciência em si, o que não responde verdadeiramente o argumento. Portanto, serve mais de comentário do que uma apologética bem-sucedida.

Ciência pró-Deus[]

Aponta-se também que o desenvolvimento da ciência tem ajudado na defesa da existência de Deus tanto no âmbito de milagres quanto no desenvolvimento de novas análises do argumento teleológico, como no argumento da sintonia fina.

Uma das grandes objeções aos milagres é que são inferidos diante de ignorância científica. Todavia, como C. S. Lewis refutou em seu livro Milagres, isso não é correto; bem pelo contrário, é justamente pelo conhecimento científico que conseguimos inferir com sucesso a ocorrência de um milagre. Por exemplo, não diríamos que o nascimento virginal de Jesus foi um milagre se não soubéssemos que naturalmente ninguém nasce sem uma fecundação natural, naqueles tempos disponível somente através de uma relação sexual ou próximo a isso. Enquanto que naquela época esse conhecimento partia do senso e experiência comuns, o descobrimento dos processos de fecundação em maiores detalhes (em especial o descobrimento do óvulo e do espermatozóide) apenas contribuíram para garantir que a inferência de milagre proposta por Mateus e Lucas esta correta. Dessa forma, quanto mais a ciência se desenvolve, mais precisas se tornam as inferências de ocorrência de milagres.

Por outro lado, o descobrimento científico de mais de 40 constantes e quantidades necessárias ao surgimento da vida no universo que não poderiam ter surgido por necessidade física ou por acaso está sendo largamente entendido como uma das maiores evidências científicas da existência de um Criador do universo.[3] Esta evidência é tão considerável que o ex-ateu Antony Flew, que consagrou-se como um dos maiores ateus da história e um dos filósofos mais importantes do séc. XX, converteu-se ao deísmo em parte por causa destas evidências.[4]

Causa direta x causa indireta[]

O argumento também recai no problema da diferença entre causa direta e causa indireta.

Enquanto que é razoável pensar que um Deus intervencionista (pessoal) deixaria marcas no mundo natural, não há fundamento (ou ao menos não um fundamento bíblico) para que esperemos que mesmo um Deus pessoal bastante ativo esteja presente por trás de muitos dos atos estudados pela ciência. Pelo contrário, é mais provável que esse Deus, caso seja onisciente e onipotente como na concepção abraâmica, tenha criado um conjunto de leis sobre as quais a natureza se fundamenta do que esteja a todo momento pessoalmente comandando-a. De acordo com esta hipótese bastante provável, não deveríamos esperar por encontrar Deus em muitas pesquisas científicas, mas somente em poucas, como nas relacionadas aos milagres ou evidências de criação no universo - justamente os locais onde teístas argumentam para Deus com base na ciência. Desta forma, a que parece ser a hipótese mais provável para a relação entre um Deus pessoal onisciente e onipotente e o universo já prevê que a ciência não encontraria a hipótese de Deus em muitas de suas pesquisas, senão numa minoria delas - justamente o que presenciamos. Através desta análise, portanto, conclui-se que a falta da presença constante de Deus como hipótese científica explanatória é perfeitamente compreensível dentro da Sua existência, não valendo como evidência contrária.

Naturalismo científico[]

Naturalismo científico1

Representação da manipulação do naturalismo metodológico sobre a ciência

Uma das críticas existentes contra este argumento é que ele é simplesmente indefensável, pois nós não deveríamos sequer considerar a possibilidade da hipótese da existência de Deus estar sendo considerada porque o naturalismo metodológico presente na ciência descarta esta hipótese antes mesmo dela ser testada. Isso significa que Deus pode ser uma resposta verdadeira para muitas perguntas mas que mesmo assim não foi apresentada porque não está sendo considerada. Em outras palavras, nós nem devemos esperar para encontrar a hipótese de Deus na ciência enquanto estivermos com o naturalismo metodológico presente. Defender este argumento, portanto, tornar-se uma piada.

Fuga dos cientistas[]

Relacionado aos pontos anteriores, outra crítica possível é que os cientistas sempre fogem da hipótese de Deus quando esta parece caber, normalmente inferindo "acaso" e "coincidência" como explicação, mesmo quando verdadeiras evidências destas hipóteses não estão presentes. Por exemplo, argumenta-se que uma pessoa foi curada por um milagre de Deus. Todavia, pesquisas científicas no indivíduo comprovam que a cura foi feita porque os leucócitos do indivíduo funcionaram mais rapidamente, curando a pessoa num espaço mais curto de tempo e assim dando a impressão de ter ocorrido um milagre. Diante desta resposta, um teísta questionaria como que esse evento raro foi acontecer justamente no momento em que um pastor orou pelo indivíduo e, neste lugar onde a hipótese de Deus se encaixaria perfeitamente, os cientistas respondem que foi "coincidência", muito embora não tendo ocorrido nenhum estudo aplicado para constatar isso (na prática, tal estudo requeriria o descarte prévio da existência de Deus, o que não seria possível de ser verificável, e portanto tal resposta jamais poderia ser verificada como verdadeira). No caso deste exemplo, seria sobre a falsa idéia de que "a hipótese de Deus não foi necessária para explicar o evento" - falsa porque foi fundamentada sobre a errônea idéia de que a explicação simplória e inverificada de "coincidência" esta correta - que o argumento seria utilizado. Como tais respostas são normalmente aceitas apenas por quem já é ateu ou deísta, o argumento acaba apresentando uma falácia de petição de princípio, pois só quem já é ateu ou deísta é capaz de aceitá-lo.

Referências

  1. Does God Exist? Parte 4 de 14 (vídeo). Debate entre William Lane Craig e Austin Dacey. YouTube.
  2. Does God Exist? Parte 6 de 14 (vídeo). Debate entre William Lane Craig e Austin Dacey. YouTube.
  3. Does God Exist? (vídeo) (em inglês). Debate entre William Lane Craig e Peter Atkins. YouTube.
  4. Is the Supernatural Real? (vídeo) (em inglês). Debate entre Eddie Tabash e J.P. Moreland no Faith under Fire. YouTube.


Argumentos contra o Teísmo
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