O chamado argumento do empiricismo consiste num argumento contra a existência de Deus que usa-se do conceito empiricista de apreensão do conhecimento através dos cinco sentidos para afirmar que Deus não existe - ou, numa versão mais "fraca", que não devemos crer que Ele existe. Em essência, o argumento equaciona a impossibilidade de se atestar a existência de alguma coisa pelos cinco sentidos com a inexistência desta coisa e, constatando que não se pode constatar a existência de Deus com base nos cinco sentidos, conclui que este não existe. O argumento pode ser resumido da seguinte forma:
- Se algo não pode ter sua existência apreendida pelo uso dos cinco sentidos, então este algo não existe.
- A existência de Deus não pode ser apreendida pelo uso dos cinco sentidos.
- Logo, Deus não existe.
O exemplo mais famoso de uma versão do argumento do empiricismo foi criada pelo astrônomo divulgador da ciência Carl Sagan, conhecido como "O dragão na minha garagem".[1][2]
O argumento, todavia, é inválido porque é auto-evidente que os cinco sentidos não constituem o único meio através do qual apreendemos conhecimento. Os seres humanos tradicionalmente acreditam que várias coisas que não são apreensíveis pelos cinco sentidos existem, como o livre-arbítrio, a consciência/mente, propósito, valor, valor moral, significado e os próprios cinco sentidos (não se tem como constatar que o sentido "tato" existe usando o próprio tato ou algum dos outros quatro sentidos). Uma vez que é sequer possível apreender-se conhecimento por outros meios, o argumento torna-se inválido mesmo que não se demonstre que pode-se chegar ao conhecimento da existência de Deus através destes meios alternativos, já que o argumento explícitamente depende da singularidade do empiricismo para ser válido.
Referências
- ↑ Sagan, Carl. The Dragon In My Garage (em inglês). Desert Hawk's World of Freethought. Página visitada em 15 de fevereiro de 2011.
- ↑ Sagan, Carl. The Dragon In My Garage (em inglês). Atheists of Silicon Valley. Página visitada em 15 de fevereiro de 2011.