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O Argumento da simplicidade na versão de Peter Atkins é um argumento contra a existência de Deus que alega que, tendo em vista que Deus é um ser muito complexo, só devemos alegar que Ele existe se não for possível explicar o universo e as coisas nele presentes através de outras explicações, naturalmente mais simples; a menos que for demonstrado que outras explicações não são viáveis, não se tem porque invocar Deus como uma explicação.

O argumento pode ser resumido da seguinte forma:

  1. Uma explicação simples é preferível a uma explicação complexa.
  2. Deus é a apoteose da complexidade.
  3. Logo, qualquer explicação para um evento ou para a existência de uma coisa é mais provável que a explicação que infere Deus como resposta.
  4. Podemos conceber explicações que não invocam Deus para todas as coisas, mesmo que não tenhamos certeza se estas explicações são as verdadeiras.
  5. Logo, não temos porque invocar Deus como explicação para as coisas que existem ou para os eventos que ocorrem.

Em utilizando a idéia de complexidade e simplicidade, o argumento passa a ser classificado como um argumento de simplicidade para o ateísmo. Todavia, devido ao estilo de raciocínio do mesmo - que baseia-se na idéia de lacunas preenchidas -, o argumento pode ser também categorizado como uma versão do argumento das lacunas preenchidas.

Avaliação[]

Há pelo menos três problemas com este argumento, um presente na noção de complexidade divina, outro no raciocínio proposto e outro em sua conclusão.

Nota-se que este argumento possui a mesma linha de raciocínio de que o argumento de David Hume contra os milagres possui. Nele, Hume argumenta que tendo em vista que os milagres são, por definição, os eventos mais improváveis de ocorrer, qualquer hipótese naturalista, por mais implausível que possa parecer, é ainda assim mais provável de ter ocorrido do que um milagre. Esta linha de raciocínio, todavia, já foi refutada por indivíduos como William Paley que argumentaram, com sucesso, que há situações onde as evidências são tão claras que a conclusão miraculosa se faz necessária e se coloca como a melhor explicação, não importa o quão improvável a priori ela pode ser. Semelhantemente observa-se que pode haver um conjunto de dados que tornam a conclusão da existência de Deus inevitável ou a conclusão mais plausível a ser tomada, não importando o quão improvável a priori Deus possa ser em função de sua complexidade.

Outro problema é que Atkins assume que Deus é complexo, o que está longe de ter sido demonstrado. Antes pelo contrário, como uma mente incorpórea, Deus é uma entidade muitísismo simples. Uma vez que Deus é simples, mesmo que o raciocínio lógico de Atkins fosse válido ele acabaria falhando por possuir uma premissa falsa.

Finalmente, assim como o argumento da ausência de evidências, este argumento não é capaz de demonstrar que Deus não existe (algo que aparentemente Atkins reconhece), servindo apenas como argumento contra a inferÊncia de Deus como explicação para a existência do universo e da ocorrência de eventos. Assim, alguém que tenta usá-lo como razão para alegar "logo, Deus não existe" estaria, nisso, comentendo uma falácia non sequitur.

Veja também[]

Referências


Argumentos contra o Teísmo
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