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Nota: Este artigo diz respeito ao argumento da descrença de J. L. Schellenberg. Se procuras pelo argumento da descrença de Theodore Drange, procure por argumento da descrença.
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O argumento da descrença (racional) (também conhecido como o argumento da ocultação divina) é um argumento filosófico contra a existência de Deus[1] que visa defender que a alegada ausência de evidências da existência de Deus é uma evidência da Sua inexistência.[2] Aparentemente a primeira vez em que o argumento foi oficialmente estudado e analisado foi no livro de J.L. Schellenberg Divine Hiddenness and Human Reason.[2] Desde esta publicação, o argumento se tornou um dos mais famosos entre os círculos não-teístas e seguidamente é defendido como justificação racional do ateísmo por ateus famosos como Richard Carrier,[3] Victor Stenger,[4] entre outros.

Apresentação[]

Versão de Stenger[]

Stenger resume o argumento da maneira que segue:[5]

  1. Provavelmente, se Deus existisse, ele iria providenciar evidências boas e objetivas da Sua existência.
  2. Não há evidências boas e objetivas da existência de Deus.
  3. Logo, Deus não existe.

Nas páginas 231-33 do seu livro God: The Failed Hypothesis, Stenger listou 11 observações que iriam confirmar a hipótese de Deus:[5]

  1. Processos puramente naturais poderiam ser provados incapazes de produzir o universo, como nós o sabemos, do nada.
  2. Processos puramente naturais poderiam ser provados incapazes de produzir a ordem do universo.
  3. Processos puramente naturais poderiam ser provados incapazes de produzir a estrutura complexa do mundo.
  4. Evidência encontrada que falsificasse a evolução.
  5. A ciência poderia confirmar poderes excepcionais da mente que não pudessem ser plausivamente explicados fisicamente.
  6. Um canal não físico de comunicação poderia ser empiricamente confirmado por revelações contendo informação que não poderia ter estado na mente da pessoa reportando a revelação.
  7. Evidência física e histórica poderia ser encontrada de eventos miraculosos e das narrativas importantes de escrituras.
  8. O vazio poderia ser descoberto como sendo absolutamente estável, requerendo alguma ação para trazer alguma coisa ao invés de nada à existência.
  9. O universo poderia ser descoberto como sendo tão agradável à vida humana que ele precisa ter sido criado com vida humana em mente.
  10. Eventos naturais podem seguir alguma lei moral, ao invés de leis matemáticas moralmente neutras.
  11. Crentes podem ter um senso moral superior do que descrentes e outras qualidades superiores mensuráveis.

Avaliação[]

O argumento da descrença possui o grande problema de ser um argumento complexo para o ateísmo, i.e. ele necessariamente depende do fracasso de todos os argumentos para a existência de Deus (em especial os dedutivos) já que, do contrário, a afirmação de que "não há evidências da existência de Deus" (ou a alegação similar de que "não há boas evidências...") passa a ser falsa. Por esse motivo, o argumento pode ser tido como inválido já que muitos dos argumentos para a existência de Deus são aceitos como válidos ou, ao menos, nenhum ateu conseguiu refutá-los com sucesso até aos dias de hoje. Isso torna a eficácia do argumento muito reduzida para uma questão pessoal, i.e. pode ser apresentado como um bom motivo para a descrença por parte daqueles que alegam possuir todas as refutações aos argumentos teístas, mas sua apresentação objetiva a um grande público torna-se em muito vazia, já que carrega a difícil missão de estar acompanhado de refutações a todos os argumentos para a existência de Deus existentes. Esta última situação, todavia, nunca aconteceu,[5] além de que em boa parte dos debates com cristãos como William Lane Craig, os ateus que insistem em usar este argumento se mostraram incapazes de defender a sua premissa-chave: a de que não existem boas evidências da existência de Deus.[4]

Além da premissa subjetiva da ausência de evidências, apologistas como Craig já demonstraram que mesmo a idéia de que Deus iria providenciar evidências (ou mais evidências) da Sua existência é questionável[5] e qualquer consideração a respeito não passaria de mera conjectura.[6]

Providência de evidências[]

Em seu debate com Victor Stenger, Craig expôs que há pelos menos dois motivos pelos quais a primeira premissa da versão de Stenger não seja verdadeira:[5]

  1. He could provide a way of knowing He exists apart from evidence, for example, the inner testimony of His Spirit drawing people to Himself. This is the religious epistemology defended by philosophers like Alvin Plantinga.
  2. He could provide such evidence selectively only to persons who He knew would freely respond to it if they were to receive it, but not to persons who He knew would freely reject it. He’s under no moral obligation to provide evidence to persons who He knew would reject it.

Ausência de evidências e ineficácia[]

Uma outra crítica do argumento nota que a alegação de que "não há evidências" da existência de Deus é uma que até agora não foi demonstrada verdadeira. Em outras palavras, alguém que defende tal alegação teria que demonstrar que todos os argumentos a posteriori para a existência de Deus são falhos, e aparantemente ninguém foi capaz de mostrar isso até hoje. Antes pelo contrário, justamente o teísta que crê em Deus baseado em tais evidênciais poderia livremente negar esta premissa apontando para sua própria fé.

Como, todavia, somente o não-teísta é quem alega que não há evidências, o argumento acaba praticamente cometendo a falácia de petição de princípio, i.e. somente alguém que já é ateu/não-teísta poderá aceitar a premissa de que não há evidências da existência de Deus e, assim, prosseguir com o resto do argumento. A funcionalidade deste acaba se resumindo a uma que limita-se a converter pessoas que já são não-teistas, mas não ateístas (e.g. agnósticos e acognosticos), mas fica completamente ineficaz contra alguém que é teísta exatamente por este crer que há evidências de que Deus existe.

Notas

Referências

  1. Retirado de Argument from nonbelief na Wikipédia anglófona. Página acessada em 6 de fevereiro de 2015 (link).
  2. 2.0 2.1 The Argument from (Reasonable) Nonbelief (em inglês). "Schellenberg's book contained the first book-length analysis and defense of the idea that the weakness of evidence for theism is itself evidence against it." - Lista de artigos sobre o argumento mais comentários de Jeffrey Jay Lowder.
  3. Carrier, Richard (2006). Why I Am Not a Christian.
  4. 4.0 4.1 Craig, William Lane. Reasonable Faith Newsletter - April 2010 (em inglês). Reasonable Faith. Página visitada em 8 de abril de 2010.
  5. 5.0 5.1 5.2 5.3 5.4 Craig, William Lane. Stenger Debate (em inglês). Reasonable Faith. Página visitada em 8 de abril de 2010.
  6. Does God Exist? Parte 4 de 14 (vídeo). Debate entre William Lane Craig e Austin Dacey. YouTube.


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