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O argumento da navalha de Occam para o ateísmo é um argumento de simplicidade para o ateísmo que utiliza-se da Navalha de Occam para descreditar a existência de Deus.

O site The Freethought Zone expõe a seguinte versão deste argumento, chamando-o de "argumento da complexidade de Deus":

O que dizer de um deus mais genérico? Suponha que há um deus consciente que criou o universo e agora apenas fica de fora e observa a sua criação sem interferir nela. A navalha de Occam (não postule a existência de qualquer coisa a mais do que for necessário para explicar) certamente justifica o ateísmo fraco neste caso. A ideia básica por trás da navalha de Occam pode ser usada para justificar a crença na inexistência deste deus também. Já que nós não podemos saber com certeza como o universo foi criado ou mesmo se foi criado, o melhor que podemos fazer é decidir se um dos vários cenários possíveis é mais provável do que os demais. Aplicando a ideia da navalha de Occam, nós temos que concluir que os cenários que envolvem uma explicação mais complexa para o universo são mais improváveis do que cenários com uma explicação mais simples. Como explicações que envolvem um deus consciente incluem um ser extremamente complexo e explicações naturalista não, nós podemos concluir que cenários involvendo u deus são muito menos prováveis que cenários que não o incluem. Assim uma crença provisória que este deus não existe é justificada.[1]

Avaliação[]

Esse argumento falha por uma série de razões. Primeiramente, ele postula o conceito da navalha de Occam de forma equivocada, pois este não é o princípio de que "não devemos postular a existência de qualquer coisa a mais do que for necessário para explicar", mas o princípio que recomenda que não se multiplique causalidades além daquilo que é necessário para se explicar o fenômeno em questão[2] ou ainda a "recomendação de que devemos selecionar a hipótese competidora que faz o menor número de novas suposições quando a hipótese for igual as demais e todos os demais aspectos". Tais "demais aspectos" dizem respeito a uma segunda falha no argumento, que parte do pressuposto de que o único critério relevante na escolha de hipóteses é o da simplicidade segundo a navalha de Occam; basta explicações uma divindade criadora serem mais complexas que as demais hipóteses que isso já seria o suficiente para ela ser descartada em favor das demais hipóteses. Todavia, isso não procede: simplicidade é apenas um dos vários critérios a serem usados para se determinar qual é a melhor explicação entre duas ou mais sendo avaliadas[3] de maneira que ainda que a hipótese teísta fosse mais complexa que hipóteses naturalistas, isso estaria longe de ser uma boa razão por si só para já haver o descarte da mesma em favor das explicações naturalistas. Um exemplo de como esses outros fatores de análise podem influenciar nessa questão pode ser visto quando se fala do poder explanatório de uma hipótese: poderia ser o caso que hipóteses naturalistas, precisamente por não postularem a existência de um deus criador, não terem poder explanatório suficiente para explicar a existência do universo (o que notavelmente não é o caso da explicação teísta que tem Deus como uma causa perfeitamente capaz de explicar a existência daquele). Como a ausência de poder explanatório é um critério muito mais definitivo do que simplicidade, hipóteses naturalistas deveriam, então, ser rejeitadas antes mesmo que se avaliasse a sua simplicidade comparativamente às hipóteses teístas. Conclui-se quanto a isso, portanto, que a única chance do argumento da navalha de Occam para o ateísmo ser útil seria caso fosse previamente estabelecido que hipóteses explanatórias que postulam a existência de um deus criador são ao menos equivalentes ou não significativamente superiores às hipóteses naturalistas quanto aos demais critérios de seleção de explicações.

Além dos problemas relativos à tese de Occam, o argumento também falha em justificar apropriadamente a afirmada complexidade de deus especialmente à luz do conceito deste, no teísmo clássico, afirmar que trata-se de um ser simples (i.e. por definição). Nesta situação, declara que Deus é complexo é equivalente a declarar "um ser simples é complexo", o que é uma contradição em termos.

Referências

  1. Arguments for Atheism: Argument from the Complexity of God (em inglês). The Freethought Zone. Página visitada em 15 de fevereiro de 2011. "What about a more generic god? Suppose that there is a conscious god that created the universe and now just stands back and watches his creation without ever interfering with it. Ockham's Razor (don't postulate the existence of anything more than what's needed for explanation) certainly justifies weak atheism in this case. The basic idea behind Ockham's Razor can be used to justify belief in the nonexistence of this god as well. Since we cannot know for certain how the universe was created or even if it was created, the best we can do is decide if some of the many possible scenarios are more likely than others. Applying the idea of Ockham's Razor, we have to conclude that the scenarios that involve a more complex explanation for the universe are more unlikely than the scenarios with a simpler explanation. Since explanations that invoke a conscious god include an extremely complex being and naturalistic explanations do not, we can conclude that the scenarios involving a god are much less likely than scenarios that do not. Therefore a tentative belief that this generic god does not exist is justified."
  2. Craig, William Lane (11 de janeiro de 2015). Ockham’s Razor (em inglês). ReasonableFaith.org. Página visitada em 18 de janeiro de 2015.
  3. Debate entre William L. Craig (afirmativa) e Alex Rosemberg (negativa): "Is Faith in God Reasonable?". Disponível aqui (em vídeo). (o link é para um trecho específico do debate)


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