O argumento da falta de razão ou argumento sem razão é um argumento contra a existência de Deus que afirma haver uma contradição entre a Sua existência e a de qualquer suposto produto da ação divina (especificamente o universo) porque Deus, se existindo, não teria razão para fazer qualquer coisa.[1] Defendido por Scott Adams no livro God's Debris,[1] o argumento pode ser resumido da seguinte maneira:[2]
- Se Deus existe, então ele é perfeito.
- Se Deus existe, então ele é o criador do universo.
- Um ser perfeito não pode ter nenhuma necessidade ou desejos.
- Se qualquer ser criou o universo, então ele deve ter tido alguma necessidade ou desejo.
- Logo, é impossível que um ser perfeito tenha sido o criador do universo (3 e 4).
- Logo, é impossível que Deus exista. (de 1, 2 e 5).
Avaliação[]
Como resumido anteriormente, o argumento possui duas premissas contestáveis, a terceira e a quarta. Quanto à terceira, embora a teologia cristã concorde que Deus não possui nenhuma necessidade sendo suficiente em si mesmo, não parece haver razão para supôr que Deus não possuiria nenhum desejo. Pelo contrário, sendo um ser moralmente perfeito, é perfeitamente plausível que Deus tenha o desejo de amar e sendo o Ultimo Ser, o desejo de ser glorificado. Isso, inclusive, é confirmado na Bíblia nas sucessivas vezes em que Deus manifesta tais desejos. Já quanto à quarta premissa, não é verdade que as únicas motivações possíveis (em geral ou exclusivo à Deus) por trás de um ato criador como o de criar o universo sejam necessidade ou desejo, constituido-se numa falsa dicotomia: é perfeitamente possível que o ato criativo tenha sido um ato de pura graça como a teologia cristã prega. Ainda que essa explicação esteja equivocada, basta ela ser possível para que o argumento falhe.
Referências
- ↑ 1.0 1.1 Retirado de Existence of God na Wikipédia anglófona. Página acessada em 7 de julho de 2015 (link).
- ↑ No-reason argument (em inglês). Iron Chariots Wiki (18 de agosto de 2014). Página visitada em 22 de fevereiro de 2015.