O argumento da Evolução de Gerkin é um caso especial do argumento da evolução formulado por Kyle J. Gerkin e inicialmente publicado no artigo "A Counterclockwise Paley".[1]
Apresentação[]
Gerkin inicia a apresentação da sua proposta mencionando uma formulação do famoso argumento teleológico de Paley que resume da seguinte maneira:[1]
- Se você estivesse caminhando numa floresta e acontecesse de vir a cruzar com uma pedra, você poderia supor que aquela pedra estivesse lá desde a aurora dos tempos.
- Todavia, se você estivesse caminhando pela floresta e viesse a cruzar com um relógio, você não iria supor que ele esteve lá desde a aurora dos tempos.
- Uma inspeção no relógio iria revelar uma organização complexa de engrenagens e outras partes mecânicas claramente projetadas para o propósito de registrar o tempo.
- Como nós sabemos, uma inteligência criativa (aquela dos humanos) é responsável pelo projeto dos relógios.
- Quando nós examinamos a estrutura de organismos biológicos (como os humanos), eles revelam uma complexidade impressionante de design adequado a várias funções.
- Assim, organismos biológicos (incluindo humanos) precisam ter sido projetados por uma inteligência criativa.
- Nós podemos chamar esta inteligência criativa de "Deus".
- Logo, Deus existe.
Após considerar algumas das críticas tradicionais desferidas ao trabalho de Paley, o autor lembra que até Charles Darwin propôr o mecanismo evolutivo por seleção natural era difícil de se imaginar uma explicação melhor do que a do design para a complexidade da vida na Terra. Uma vez considerando tanto a obra de Darwin quanto a visão compatibilista adotada por muitos teístas entre Deus e a evolução, Gerkin defendeu ter descoberto "um argumento poderoso para o ateísmo" que resume da seguinte maneira:[1]
- Complexidade organizada é o produto de design consciente ou seleção natural.
- Inteligência é um exemplo de complexidade organizada.
- Logo, inteligência e o produto de design consciente ou seleção natural.
- Seres inteligentes são capazes de projetar inteligência (i.e. inteligência artificial de um computador programado por humanos).
- Todavia, apenas um único mecanismo já foi descoberto que pode produzir inteligência sem requerer a existência de uma inteligência anterior. Este mecanismo é evolução por seleção natural.
- Logo, a primeira inteligência evoluiu.
- Evolução requer:
- Auto-replicação (hereditariedade) com um pouco de imperfeita fidelidade de cópia (mutação).
- Um meio que pode favorecer um replicador sobre outro (competição).
- Tempo para (7.1) e (7.2) se manifestarem.
- Nenhuma das condições em (7) estavam presentes antes da existência do universo.
- Logo, inteligência não existia antes do universo.
- Logo, o universo não teve um criador inteligente.
Avaliação[]
Esta versão do argumento da evolução possui vários problemas. Como um começo, tem-se que a primeira premissa poderia ser considerada uma falsa dicotomia uma vez que é claro, ao menos prima facie, que há outras opções explanatórias tais como puro acaso e necessidade física. Igualmente problemática é a segunda premissa que é inteiramente injustificada e provavelmente falsa - "inteligência" é uma característica mental-intelectual eminentemente simples ainda que possa ser necessário um instrumento de alta complexidade organizada para que venha a existir, tal qual um cérebro. Esse problema fica manifesto na conclusão "inteligência e o produto de design consciente ou seleção natural", uma afirmação incompatível com a plena possibilidade de seres inteligentes existirem de forma incausada (como no caso de Deus).
Referências
- ↑ 1.0 1.1 1.2 Gerkin, Kyle J. (2002). A Counterclockwise Paley (em inglês). Infidels. Arquivado do original em 14 de abril de 2010. Página visitada em 14 de abril de 2010.