O argumento da defesa fraca é um argumento contra a existência de Deus que defende o ateísmo à partir do alegado insucesso da apologética teísta. Algumas vezes usado apenas para justificar uma falta de "necessidade" de crença na sua existência, é defendido por pessoas como Christopher Hitchens[1][2] e é parecido com o argumento proposto por John Shook para o naturalismo metafísico e com o argumento da ausência de evidências.
O raciocínio pode ser resumido no seguinte modus ponens:
- Se a defesa da existência de Deus por parte dos apologistas é fraca, então Deus não existe.
- A defesa da existência de Deus é fraca.
- Logo, Deus não existe.
Ou ainda da seguinte forma:
- Se Deus existisse, seria possível demonstrar a sua existência com uma boa defesa.
- A defesa da existência de Deus é, na melhor das hipóteses, fraca; apologistas e teístas em geral não foram capazes de mostrar que Deus existe.
- Logo, Deus não existe.
Avaliação[]
O argumento, em ambas as versões mostradas anteriormente, é problemático por alguns motivos. Primeiro ele é essencialmente subjetivo uma vez que invoca a opinião pessoal do argumentador quanto à alegada fraqueza da defesa da existência de Deus pela teologia natural - opinião esta cuja razoabilidade é, no mínimo, questionável. Trata-se, portanto, de uma jusitificativa pessoal para o posicionamento de alguém, não uma razão hábil a convencer outra pessoa que a conclusão pretendida é verdadeira. Quanto à versão modus ponens, a primeira premissa erronemanete defende que o insucesso da defesa de uma tese é confirmação da falsidade dessa tese. Como o filósofo Kai Nielsen comenta:[3]
"Demonstrar que um argumento é inválido ou vazio [unsound] não é demonstrar que a conclusão do argumento é falsa. ... Todas as provas da existência de Deus podem falhar, mas ainda assim pode ser o caso que Deus existe. Resumindo, demonstrar que as provas não funcionam não é suficiente por conta própria. Ainda pode ser o caso de que Deus existe."
Por outro lado, a primeira premissa da segunda estruturação acima é inteiramente questionável. Várias são as coisas da natureza que só foram descobertas ou possíveis de serem provadas após muito avanço científico e tecnológico e ainda há muitas questões abertas, várias das quais antigas, mesmo com todos os milhares de anos de filosofia e pesquisa; não há prima facie razão alguma para supôr que a existência de Deus seria algo que já era para ter sido apropriadamente defendido atualmente.
Referências
- ↑ Farr, Michael (22 de abril de 2009). Atheist & apologist debate God’s existence (em inglês). Florida Baptist Witness. Página visitada em 24 de junho de 2010.
- ↑ Atheist Hitchens, Apologist Craig Debate God's Existence (em inglês). BCNN1 (7 de abril de 2009). Página visitada em 24 de junho de 2010.
- ↑ nanderson. John Shook on his debate with WLC and the presumption of atheism (em inglês). Reasonable Faith Forum. Página visitada em 1 de julho de 2010.