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O argumento da consciência moral é um argumento para a existência de Deus baseado na existência de consciência de valores morais. Diferente do tradicional argumento moral para a existência de Deus, que fundamenta-se sobre a alegada existência de valores morais "objetivos", este argumento independe da natureza ontológica da moralidade fundamentando-se, antes, sobre a existência de uma consciência moral (afirmada por muitos que defendem o subjetivismo).[1] Esse argumento têm sido defendido por pessoas como Joseph Butler, John Henry Newman[2] e Peter Kreeft. O argumento pode ser resumido da seguinte maneira:

  1. Consciência moral [universal] existe.
  2. A consciência moral [universal] é mandatória e autoritária - uma pessoa deve obedecer à sua consciência moral.
  3. A autoridade da consciência moral só pode ter sido ganha de uma das seguintes quatro possibilidades:
    1. De algo a menos que o homem (natureza)
    2. Do homem (indivíduo)
    3. De outros iguais ao homem (sociedade)
    4. De algo acima do homem (Deus)
  4. Não pode ter sido de algo a menos que o homem (natureza)
  5. Não pode ter sido do homem (indivíduo)
  6. Não pode ter sido de outros iguais ao homem (sociedade)
  7. Logo, deve ter sido de algo acima do homem (Deus)
  8. Mas isso engloba a existência de Deus.
  9. Logo, Deus existe.

Exposição[]

O filósofo cristão Peter Kreeft comenta:[3]

Não é notável que ninguém, até mesmo o mais consistente subjetivista, acredita que é alguma vez bom para alguém deliberadamente e sabidamente desobedecer a sua própria consciência? Mesmo se as consciências de pessoas diferentes as disserem para fazer ou evitar coisas totalmente diferentes, permanece um absoluto moral para todos: nunca desobedeça a sua própria consciência.

Agora de onde que a consciência ganhou tal autoridade absoluta - uma autoridade admitida até mesmo pelo subjetivista e pelo relativista moral? Há apenas quatro possibilidades:

  1. De algo a menos que eu (natureza)
  2. De mim (indivíduo)
  3. De outros iguais a mim (sociedade)
  4. De algo acima de mim (Deus)

Vamos considerar cada uma das possibilidades em ordem.

  1. Como poderia ser eu absolutamente obrigado por algo a menos que eu - por exemplo, por instinto animal ou necessidade prática para sobrevivência material?
  2. Como eu posso obrigar a mim mesmo absolutamente? Sou eu absoluto? Acaso tenho o direito de demandar obediência absoluta de qualquer que seja, incluindo eu mesmo? E se eu sou quem me trancou nessa prisão de obrigação, eu também posso me libertar, assim destruindo a absolutisse da obrigação que nós admitimos como nossa premissa.
  3. Como a sociedade pode obrigar-me? Que direito têm os meus iguais de impôr os seus valores sobre mim? Acaso quantidade faz qualidade? Acaso um milhão de seres humanos fazem um relativo virar um absoluto? É a "sociedade" Deus?
  4. A única fonte de obrigação moral absoluta é algo superior a mim. Essa coisa liga a minha vontade, moralmente, com demandas justas à obediência completa.
Logo Deus, ou algo como Deus, é a única fonte adequada e fundamento para a obrigação moral absoluta nós todos sentimos em obedecer a nossa consciência. Consciência [moral] é assim explicável apenas como a voz de Deus na alma.

Kreeft adiciona:[3]

(...) As únicas outras possíveis fontes para obrigação moral são:

  1. Minhas ideias, propósitos, aspirações e desejos, algo criado pela minha mente ou vontade como as regras do baseball. Isso ultimamente falha em justificar o porque é sempre errado desobedecer ou mudar as regras.
  2. Minha vontade moral propriamente. Alguns lêem Kant dessa maneira: eu imponho moralidade sobre eu mesmo. Mas como pode ser que aquele ligado e o que liga o mesmo? Se o criador de chaves se tranca dentro de uma sala, ele não está realmente trancado, pois ele também pode se destrancar.
  3. Um outro ser humano pode ser tido como aquele que impõe moralidade sobre mim - meus pais, por exemplo. Mas isso falha em levar em conta o caráter de ligação. Se o seu pai lhe manda lidar com drogas, sua obrigação moral é desobedecê-lo. Nenhum ser humano pode ter autoridade absoluta sobre outro.
  4. "Sociedade" é uma resposta popular para a questão da origem da moralidade[, enquanto] "essa ou aquela pessoa em específico" é uma resposta bastante impopular. Todavia elas são a mesma. "Sociedade" apena significa mais indivíduos. Que direito têm eles de legislar moralidade sobre mim? Quantidade não pode dar qualidade; adicionar números não podem mudar as regras de um jogo relativo às demandas justas e absolutas da consciência.
  5. O universo, evolução, seleção natural e sobrevivência; todos se saem ainda pior como explicações para a moralidade. Você não pode ganhar mais do menos. O princípio da causalidade é violado aqui. Como pode as piscinas de lodo primordiais borbulhar o Sermão da Montanha?

Avaliação[]

Uma objeção possível ao argumento reside na acusação de "erro de categorização": usar Deus para explicar a natureza não passaria de um exemplo deste erro, tal como ocorria entre os gregos tentando explicar o raio usando Zeus. Na verdade, o raio deveria ser explicado no seu próprio nível, como um fenômeno científico, material e natural e assim também é com a moralidade.[3] Kreeft nota que essa acusaçnão procede uma vez que a moralidade está muito mais próxima de Deus do que o raio está para Zeus; moralidade existe no nível de pessoas, espíritos, almas e mentes, não apenas moléculas. Pode-se fazer correlações entre obrigações morais e pessoas, mas não se pode fazer correlação entre moralidade e moléculas. Dessa forma, seria o não teísta aquele a cometer o erro de categorização ao tentar explicar a moralidade postulando-se coisas meramente materiais. Esse erro, acusa Kreeft, é ainda pior do que o cometido pelos antigos gregos, uma vez que é possível que o maior (Zeus, um espírito) cause o menor (o raio) e, assim, explique a sua existência e ocorrência, mas não é possível que o menor (moléculas) adequadamente causem e explique o maior (moralidade).[3] "Uma boa vontade pode criar moléculas, mas como poderiam moléculas criar uma boa vontade? Como pode a eletricidade me obrigar? Apenas uma boa vontade pode demandar uma boa vontade; apenas Amor pode demandar amor.[3]

Referências

  1. Kreeft, Peter J.. The Argument from Change (em inglês). The Official Peter Kreeft Site[1]. Página visitada em 2 de janeiro de 2011. "Since moral subjectivism is very popular today, the following version of, or twist to, the moral argument should be effective, since it does not presuppose moral objectivism. Modern people often say they believe that there are no universally binding moral obligations, that we must all follow our own private conscience. But that very admission is enough of a premise to prove the existence of God."
  2. Retirado de Argument from Morality: Conscience na Wikipédia anglófona. Página acessada em 18 de fevereiro de 2015 (link). (referência original é de G. H. R. Parkinson, 1988
  3. 3.0 3.1 3.2 3.3 3.4 Kreeft, Peter J.. The Argument from Change (em inglês). The Official Peter Kreeft Site[2]. Página visitada em 2 de janeiro de 2011.


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