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O chamado argumento da ausência de evidências é um argumento que afirma que a inexistência de evidências para a existência de Deus é evidência contra Sua existência e, sendo esse o caso, Deus não existe ou provavelmente não existe. O argumento também pode ser levantado numa versão que usa-se da ausência de evidências como fundamento para alegar que, sendo este o caso, a crença em Deus torna-se irracional.[1] Em alguns casos, os proponentes de tal argumento chegam a alegar que esta é a "maior evidência" ou mesmo "a única evidência" contra Deus.[2] Uma das mais populares justificativas deste raciocínio é o chamado bule de chá de Russell.[3]

O argumento é rejeitado por filósofos teístas como Alvin Plantinga[1] e William Lane Craig[2][3] por alguns motivos, alguns dos quais variando dependendo da versão em consideração. Em relação a todas as elas, todavia, comenta-se que a alegação-chave do argumento (ausência de evidência é evidência da ausência) é uma falácia non sequitur.[2][3]

Apresentação[]

Muitos ateus têm proposto que "não há evidências da existência de Deus", incluindo Lewis Wolpert[3], Christopher Hitchens e Richard Dawkins[4][5], o que consiste numa alegação relacionada à rejeição aos argumentos teístas para a existência de tal Ser. Uma vez apresentada, tal alegação é usada como justificativa para a descrença em Deus, firmando essa como a conclusão do argumento. Dessa forma, o não-teísta afirma o argumento, alegando que, uma vez não existindo as evidências, podemos racionalmente concluir que Deus não existe. Esta versão pode ser esquematizada em um silogismo modus ponens:

  1. Se não há evidências de que Deus existe, então Ele não existe.
  2. Não há evidências de que Deus existe.
  3. Logo, Deus não existe.

ou num modus tollens:

  1. Se Deus existe, então há evidências de Sua existência.
  2. Não há evidências da existência de Deus.
  3. Logo, Deus não existe.

As vezes o argumento é apresentado com certas pressuposições sendo feitas. Entre estas encontra-se a da presunção ateísta, posição segundo o qual o ateísmo é a posição default e, portanto, alguém só se justifica em tornar-se teísta caso hajam evidências. Outra pressuposição, fundamentalmente relacionada à alegação de que "não há evidências", é a de que ninguém jamais fez um caso eficiente (ou conclusivo) para o teísmo.

Muito embora a estrutura do argumento permaneça relativamente a mesma em todos os casos em que este é utilizado para justificar o ateísmo de alguém (i.e. todos alegam que não acreditam em Deus porque não há evidências), o biólogo Richard Dawkins seguidamente arquiva junto ao argumento uma relação com a descrença geral em fadas ou em deuses pagãos.[4] Por exemplo, após ser questionado sobre porque era um ateu em uma entrevista dada à CNN, Dawkins respondeu: Template:Citação2

Segue uma apresentação de algumas versões do argumento.

Evidências extraordinárias[]

Uma versão tão popular quanto a versão tradicional deste argumento é uma baseada numa alegação creditada ao famoso cético Marcello Truzzi:[6] "Alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias".[7][8] Esta alegação, aparentemente popularizada pelo astrônomo Carl Sagan,[fonte?] parece ter sido originada a partir de uma alegação similar, idealizada pelo cético escocês David Hume, que alegou que "eventos extraordinários requerem evidências extraordinárias".[9]

Com essa afirmação, não teístas usam o que seria o "argumento de evidências extraordinárias" aplicado à existência de Deus justificando seu posicionamento não mais sobre a alegação radical "não há evidências", mas que estas (se existem) não são extraordinárias (ou são poucas, fracas ou não suficientemente convincentes).

O argumento pode ser representado da seguinte maneira:

  1. Se uma alegação x é extraordinária, então é necessário evidências extraordinárias para que x possa ser aceito como verdadeira.
  2. A alegação "Deus existe" é uma alegação extraordinária.
  3. Logo, é necessário evidências extraordinárias para que a alegação "Deus existe" seja aceita.
  4. Não há evidências extraordinárias de que a alegação "Deus existe" é verdadeira.
  5. Logo, a alegação "Deus existe" não pode ser aceita como verdadeira (i.e. Deus não existe).

Entre os que consideram a alegação de Sagan uma verdadeira e já a utilizaram num contexto anti-teísta encontram-se o jornalista novo-ateu Christopher Hitchens[fonte?] e o físico Lawrence Krauss.[10]

Ausência injustificada[]

Talvez como consequência das críticas levantadas sobre o argumento original (veja quadro abaixo), filósofos ateus como Victor J. Stenger e Austin Dacey proporam uma modificação no argumento, alegando que "ausência de evidência é evidência da ausência quando evidência é necessariamente esperada uma vez supondo que algo existe". Em outras palavras, dada uma análise sobre Deus, tais filósofos concluem que, se Ele existisse, necessariamente evidências da sua existência iriam ser produzidas e provavelmente poderiam ser observada por nós. A partir daí, alega-se novamente que tais evidências não são observadas e, desta forma, concluem logicamente que Deus provavelmente não existe.

O argumento pode ser representado pelo seguinte esquema:

  1. A ausência de evidência para a existência de x conta como evidência para a inexistência de x caso é de se esperar que x, uma vez existindo, criaria evidências de sua existência possíveis de serem observadas pelos seres humanos.
  2. Na presença de evidência para a inexistência de x, temos que racionalmente concluir que x não existe (i.e. x não existe).
  3. A existência de Deus implicaria em evidências da sua existência.
  4. Evidência da existência de Deus não existe.
  5. Logo, há evidência de que Deus não existe.
  6. Logo, devemos racionalmente concluir que Deus não existe (i.e. Deus não existe).

O princípio que rege esta versão do argumento parece mais aceitado pelos teístas do que a versão original. Bill Graig, por exemplo, após negar a versão básica, fez o seguinte comentário em seu debate com Peter Slezak, demonstrando que concorda com uma versão bastante similar desta alegação:[2] Template:Citação2

Predição[]

Uma outra forma apresentada deste argumento defende o princípio pela tradicional maneira científica de observação de predições de teorias e hipóteses.

Muitas vezes cientistas, com o intuito de verificar a veracidade de uma hipótese, questionam-se sobre o que deveríamos esperar ter caso uma dada hipótese seja verdadeira ou falsa e, no caso de descobrirem ser verdadeira aquela predição da realidade, concluem que a hipótese ou teoria original é mais provável, ou seja, há uma evidência para a sua veracidade. Da mesma maneira, alguns ateus argumentam que tendo em vista que ausência de evidência é uma predição confiável para a hipótese "Deus não existe", se é o caso que há uma ausência de evidência para a existência de Deus, então isso conta como evidência de sua ausência.[11]

Avaliação[]

O argumento da ausência de evidências, em sua versão básica, possui pelo menos quatro problemas que o tornam inválido:

  • Problema de lógica: A lógica do argumento é inválida.
  • Problema de tempo: O argumento alega que "não há evidência", quando existe uma diferença significativa entre "não há evidência" e "não há evidência até agora" - a única alegação plausível, a princípio, que o crítico pode fazer.
  • Premissa não-demonstrável: O argumento sustenta um ônus da prova que não só provavelmente não será aceito por um teísta, como também é, na prática, insustentável.
  • Falsa pressuposição: O argumento pressupõe que apenas através das evidências podemos saber se Deus/algo existe, o que não é verdade.

Segue abaixo um detalhamento dos problemas.

Problema de lógica[]

De acordo com filósofos como William Lane Craig, este argumento é uma falácia, uma vez que a ausência de evidências da existência de algo não é evidência da inexistência deste algo, o que é suficiente para refutar o argumento.[2] Foi provavelmente por ter notado esse problema que Bertrand Russell, um filósofo ateu do séc. XX que ficou famoso por ter afirmado uma lógica semelhante ao ser questionado sobre o que diria se viesse a ficar na presença de Deus, mais tarde mudou sua visão, proclamando ser "agnóstico".[12][13] A conclusão que se chega, uma vez reconhecido a validade dessa objeção, é que se uma pessoa alega não haver evidência para Deus, então ele deve se tornar agnóstico, tornando-se ateu apenas se evidências contra a existência de Deus lhe forem convincentes.

Premissa não-demonstrável[]

Um problema secundário também é apontado, dessa vez na alegação de que "não há evidências". O problema é que esta alegação implica que "nenhum argumento a posteriori para a existência de Deus, em todas as suas versões, é válido". O que se comenta é que, na prática, nenhuma pessoa jamais conseguiu demonstrar com sucesso que todos os argumentos a posteriori para a existência de Deus são de fato inválidos. Também é significativamente improvável que alguém tenha analisado cuidadosamente todos os argumentos em todas as suas versões, sendo muito mais provável que aqueles que realizam tal alegação tenham verificado apenas alguns destes por conta própria e, quando muito, referenciado o trabalho de outros para "cobrir a parte não alcançada" - o que não é suficiente para que ele próprio diga que "não há evidência", já que tal alegação, por questão de ônus de prova, implica que ele deve saber o porquê que tais argumentos são falhos (i.e. a alegação "outros já devem ter feito isso" é inaceitável), do contrário correndo o risco de estar alegando sem justificativa. Em ambos os casos, o que se conclui é que [provavelmente] nenhum indivíduo possui a autoridade para proclamar, como verdade objetiva, que "não há evidências" para a existência de uma Deidade, o que tornaria a "segunda premissa" indefensável. O máximo que tal indivíduo poderia dizer, justificadamente, seria algo como: "com relação a todos os argumentos que eu já conheci até hoje, não consegui encontrar nenhum que me parecesse válido, de forma que concluo que, com base no que já vi, não há evidências".

Falsa pressuposição[]

Finalmente, há ainda a questão da importância das evidências para o estabelecimento da aceitação de uma proposição. O problema é que o "caminho das evidências" não é o único caminho já proposto para que se chegue à conclusão de que algo existe, em especial no caso de Deus. Argumentos a posteriori (os que se baseiam em evidências) constituem apenas parte da argumentação usada para justificar a crença numa Divindade, existindo também os argumentos a priori (como o ontológico) e considerações similares, como a questão levantada por Alvin Plantinga de crenças propriamente básicas. Isso significa que mesmo que as evidências apontadas nos argumentos a posteriori fossem de fato completamente refutadas (o que, como foi apontado no parágrafo anterior, é uma alegação bastante indefensável), ainda haveriam justificativas não-derrubadas para se crer em Deus, concluindo-se que mesmo a derrubada completa das evidências ainda não seria suficiente para que o ateísmo viesse a ser racionalmente justificado. De fato, se o argumento fosse aceitável nesse ponto, então argumentos similares poderiam ser criados para crenças propriamente básicas normalmente tidas por seres humanos como a realidade do mundo exterior à mente humana o a realidade do passado retido pela memória, crenças retidas não por evidências, mas por experiência pessoal.

Dessa forma, no máximo o argumento da ausência de evidências dá um passo considerável em direção ao ateísmo, mas jamais é capaz de justificá-lo racionalmente por si só; um caso cumulativo, capaz de refutar os argumentos a priori e outras alegações restantes, seria necessário para que a apresentação deste argumento pudesse fazer sentido numa defesa da cosmovisão ateísta.

Outras versões[]

Segue uma análise específica de cada versão do argumento mencionada anteriormente.

Evidências extraordinárias[]

No que diz respeito à versão do argumento fundamentado sobre a alegação de Sagan, pode-se dizer que esta é demonstravelmente inapropriada, havendo pelo menos duas razões pelas quais ela deve ser descartada além da mesma objeção apresentada à alegação original de Hume: primeiro, é uma alegação fundamentada em puro subjetivismo, não apresentando nenhuma adição positiva para a questão da existência de Deus, mas tão somente uma tática de retórica insatisfatória; segundo, mesmo que o problema do subjetivismo fosse ignorado, a alegação carece de problema de justificativa e consistência lógica, podendo ser considerada uma falácia non sequitur.

Em relação à primeira alegação, observa-se que ao postular "alegações extraordinárias" e "evidências extraordinárias", Sagan não apresentou o que seria um padrão segundo o qual poderíamos ver se uma alegação ou evidência é extraordinária ou não, deixando a categorização como algo de responsabilidade pessoal, i.e. transformando a questão em puro subjetivismo. Isso implica que qualquer indivíduo não só é livre para decidir o que considera ser uma alegação extraordinária, como também pode escolher o quanto de evidência é necessário para que venha a crer em tal alegação. Só que essa abertura possui vários problemas, partindo desde a parte que diz respeito ao entendimento entre as partes numa discussão chegando ao ponto de poder ser usada como uma técnica de retórica onde o ouvinte, uma vez tendo decidido que deseja permanecer na sua cosmovisão, poderia escolher o número absurdo e injustificado de evidências ao seu bel prazer, levando a discussão a um ponto infrutífero. Não havendo um padrão deixado por Sagan segundo a qual poderia verificar-se se a pessoa que faz uso do ponto está injustificadamente exagerando, esta passa a ficar imune a críticas em seus exageros, podendo facilmente fugir de qualquer argumentação racional simplesmente alegando que "ainda não é evidência o suficiente". Mesmo que possa ser alegado que tal indivíduo só estará se prejudicando por causa de sua própria desonestidade consigo mesmo e, diante duma situação dessas, seria simplesmente melhor deixar que ele "morra na sua própria ignorância", para aqueles que, como os teístas, consideram a troca de opinião uma coisa fundamentalmente importante (por vias de evangelismo), essa simples possibilidade já é o suficiente para demonstrar que a alegação de Sagan não é prática para vias de diálogo e ainda pode levar ao risco de alguém realmente "morrer na sua ignorância" (o que, para um cristão, equivale a ir para o inferno) quando isso poderia não ter ocorrido simplesmente porque a alegação de Sagan não teria sido usada. Em outras palavras, além de providenciar uma base inadequada de raciocínio por ser totalmente subjetivo, a alegação de Sagan é perigosa tanto para aqueles que temem que seus ouvintes "vão para o inferno" quanto para aqueles que simplesmente zelam pela razão e, portanto, deve ser rejeitada.

Outra objeção indica que a alegação de Sagan é injustificada. Isso pode ser concluído não só porque em nenhum momento Sagan parece ter demonstrado a veracidade de sua alegação, como também é injustificável requerer mais do que a evidência necessária para uma alegação, seja lá qual for o seu nível de "extraordinariedade". Em outras palavras, independente do quão extraordinário uma alegação possa ser, a única evidência que se justifica pedir para se crer nela é aquela com força o suficiente para justificar tal alegação, i.e. somente a evidência necessária; todo o resto é supérfluo e, portanto, sua exigência é inadequada. Como ilustração pode-se mencionar uma situação hipotética em que um policial para um carro na estrada e pergunta ao motorista por seu nome. Após ouvir a resposta, o policial pede por uma evidência e, em resposta, o motorista apresenta sua carteira de identidade. Nessa situação, é evidente que, dada a importância deste documento,

Por fim, pode-se ainda afirmar que, de um jeito ou de outro, "evidências extraordinárias já foram apresentadas", o que não só uma vez mais apontaria para a fragilidade do subjetivismo do argumento, como também acabaria por invalidá-lo definitivamente. O que se conclui se pode concluir é que, seja pelas objeções, seja pelos complicados problemas que trás, a alegação de Carl Saga possui fortes motivos para ser rejeitada.

Ausência injustificada[]

Em relação à versão apresentada por Stenger e Dacey, a recepção é melhor da parte dos teístas, apesar de continuar sendo rejeitada. É geralmente aceito que, em certas ocasiões, a ausência de evidência pode ser contada como evidência da ausência.[12] Situações como a presença de um elefante numa sala consistem em situações onde esta premissa passa a ser justificada, e isso não com base no tamanho do objeto em questão, mas com relação à situação epistêmica em que um dado observador se encontra.[12]

A questão que pode ser levantada, tendo em vista o exemplo anterior, é: estamos em uma posição epistêmica para podermos fazer predições aceitáveis sobre o que esperar de Deus ou não? A resposta é contrária à indicação do argumento pois, quando se trata de Deus, esta-se a tratar de uma pessoa dotada de livre-arbítrio e que, por sua própria natureza [trascendente], não pode ser confinada num laboratório e ser forçada, por alguma pressão (e.g. ameaça de morte), a se comportar da maneira previsível. Em outras palavras, para muitas coisas Deus é um ser completamente imprevisível, de onde conclui-se que as predições feitas sobre o que deveríamos ou não esperar dEle consistiriam pura especulação. Adicionado à questão do livre-arbítrio há também a questão da finitude do conhecimento humano em comparação com a onisciência divina. Essa relação implica que, quando nós fizermos alguma predição, estaremos por considerar as coisas (i.e. conhecimento) que estão ao nosso alcance, quando isso pode significar a não-consideração de dados relevantes para a questão. Por outro lado, Deus, por ser onisciente e perfeito, provavelmente não só estará ciente de tais considerações como ainda realizará suas ações com base nelas. Dessa forma, se em algum instante X alguém for levado a concluir que Deus, uma vez existindo, executaria a ação Y, e logo observasse que não é o caso de Y, então a conclusão mais apropriada, dada nossa condição finita em conhecimento e nossos eventuais erros de raciocínio, não seria "logo, Deus provavelmente não existe", mas "devo ter me esquecido de alguma coisa, ou considerei algo de forma errada".

Em resposta a tal objeção, filósofos como Dacey argumentam que, se esse é o caso, então Deus estaria fazendo um mal trabalho ao não contar quais são estes dados "escondidos" ao indivíduo em questão.[14] Filósofos como Craig contra-argumentam que essa também é uma má-consideração, pois Deus pode muito bem ter razões morais suficientes para não nos dizer quais são esses dados (em certo sentido, é lógico argumentar que tais razões suficientes existem dado que Deus existe e que Deus deveria contar mas não contou, i.e. uma vez que se assume os dois dados, a conclusão mais rápida é a de que há razões para o comportamento de Deus, não que Ele não existe - esta última é uma conclusão apressada). Um exemplo de uma justificativa para o silêncio divino é a possibilidade de, uma vez que o indivíduo soubesse dos dados, passasse a agir ou considerar a situação de uma forma diferente que o levaria a fugir do plano de Deus para a sua vida no que diz respeito a essa situação. Em termos de estrutura lógica, todavia, basta que a possibilidade de haver razões morais suficientes seja sequer possível, e a alegação proposta por Dacey já se torna inválida, uma vez que esta conclusão é mais próxima dos dados do que a longíqua e radical aclamação de que "Deus não existe".

Finalmente, pode-se concluir que a unica situação em que um indivíduo é justificado em fazer predições sobre o que Deus faria ou não é naquela que diz respeito a conclusões diretas de dados concretos, como os atributos de Deus presentes na teologia e na Bíblia. Em outras palavras, enquanto esperanças baseadas em deduções da realidade divina são descartáveis, como já comentado, esperanças baseadas em considerações diretas sobre os atributos e decisões divinas podem ser esperadas. Por exemplo, é uma previsão equivocada aquela que alega que, se Deus é bom e tendo em vista que um indivíduo A está com sede, então Deus criará uma lata de Coca-Cola para A naquele exato instante. Todavia, é uma conclusão aceitável a alegação de que, se Deus deseja salvar a humanidade dos seus pecados, então Ele deve ter planejado um "plano de salvação" que confira com esse desejo (notoriamente, o que se encontra na mensagem da cruz). Da mesma forma pode-se razoavelmente concluir que, se o conceito de Deus inclui o de Ele ser o Criador de todas as coisas contingentes, então poderíamos esperar que algo contingente, à parte de si mesmo, exista, e que exista ordenadamente (i.e. de uma forma não-caótica) - e, de fato, o universo com suas leis existe. Por fim, um exercício mais demorado das predições aceitáveis concluiria que a maioria destas, que se fundamentam sobre a Bíblia e sobre o conceito de Deus (com a exceção do caso de profecias), de fato se cumpriu como era esperado, dessa feita concluindo-se que Deus existe. As poucas possíveis exceções são perfeitamente explicáveis em termos de mudança de decisão por parte de um ser com livre-arbítrio.

Tendo em vista estas considerações em relação os argumentos para a existência de Deus, pode-se notar que o argumento falha. Na sua versão segundo os teoristas do conhecimento (citada anteriormente), Bill Craig comenta:[2] Template:Citação2Uma vez considerando-se esses dados, chega-se à conclusão de que o argumento, em sua versão proposta por Dacey, Stenger e outros, não constitui uma boa objeção à existência de Deus - antes pelo contrário, tendo em vistas que as predições justificadas sobre as consequências das existência de Deus apenas revelaram que tudo o que se esperava de Deus de fato procede, o argumento apenas fortalece a probabilidade do teísmo ser verdadeiro.

Presunção ateísta[]

A versão da presunção ateísta é totalmente dependente da alegação de que o ateísmo é a posição default. Diante disso pode-se perguntar o que justifica tal visão, e o que se tem é que até hoje ninguém conseguiu justificar esta posição. Em resumo, basta demonstrar a falsidade da proposição "o ateísmo é a posição default" para que essa versão seja desqualificada. Como o ateísmo consiste na alegação de que "Deus não existe" e esta proposição possui o mesmo valor de verdade do que a alegação contrária, conclui-se que ela possui o mesmo ônus de prova que a alegação teísta, de onde nota-se que o ateísmo não é a posição default - essa é muito mais bem preenchida pelo agnosticismo.

Premissa subjetiva[]

O argumento também pode ser acusado de conter a falácia de premissa subjetiva, ou simplesmente uma versão corrompida de modus tollens.

O silogismo válido modus tollens possui a seguinte forma:

.
¬ .
¬

Enquanto a versão corrompida, contendo a premissa subjetiva, é da seguinte forma:

.
¬ vejo .
¬

Respostas[]

Até o momento, algumas respostas contrárias à avaliação acima já foram analisadas.

Assim é que a ciência funciona[]

Em seu debate com Bill Craig, após ouvir a objeção deste com relação à falaciosa argumentação de que "ausência de evidência é evidência de ausência", Lewis Wolpert deixou a entender que a crítica era inválida tendo em vista que os cientistas usavam esse raciocínio.[3]

Todavia, tal alegação é evidentemente falsa pois mesmo na ciência ausência de evidência não é evidência da ausência. Em termos de vida extra-terrestre, por exemplo, nós não temos nenhuma evidência de que eles E.T. existem. Todavia, o consenso científico não de é que "logo, vida extra-terrestre não existe", mas sim a alegação justificada de ignorância "nós não sabemos". Dessa forma, a tradição da comunidade científica nos impele não a sermos ateus, mas agnósticos. Esta objeção, portanto, não é só sustentada como um erro de filosofia [da lógica],[3] como é também reconhecida pelo senso comum da comunidade científica.

Outros[]

Uma outra versão deste argumento consiste em afirmar a superioridade (ou mesmo veracidade) do ateísmo tentando demonstrar que os argumentos para a existência de Deus são inválidos. Todavia, essa posição também é falaciosa, uma vez que demonstrar que as premissas de um argumento são incorretas não significa que sua conclusão o seja.[15]

Referências[]

  1. 1.0 1.1 Plantinga, Alvin. Theism, Atheism and Rationality (em inglês). Página visitada em 29 de março de 2011.
  2. 2.0 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 The Evidence For Atheism - Dr. William Lane Craig (em inglês). Debate entre William Lane Craig e Peter Slezak. . Visualizado em 23 de setembro de 2010.
  3. 3.0 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 The Justification of Atheism: Lewis Wolpert vs William Lane Craig (em inglês). Debate entre William Lane Craig e Lewis Wolpert. . Visualizado em 23 de setembro de 2010.
  4. 4.0 4.1 Dawkins talks atheism (em inglês). Estrelando Richard Dawkins. Entrevista da CNN com Richard Dawkins. Publicado no YouTube por pundital em 12 de fevereiro de 2007. Visualizado em 24 de setembro de 2010.
  5. William Lane Craig pwns Richard Dawkins (em inglês). Estrelando Richard Dawkins e William Lane Craig. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 3 de junho de 2010. Visualizado em 29 de setembro de 2010.
  6. Retirado de Marcello Truzzi na Wikipédia anglófona. Página acessada em 6 de fevereiro de 2015 (link). "He is credited with originating the oft-used phrase "Extraordinary claims require extraordinary proof.""
  7. Citações de Carl Sagan na Wikiquote (em português). Wikiquote. Página visitada em 23 de setembro de 2010.
  8. William Lane Craig vs. Victor Stenger. Is There a God? - Part 6 (em inglês). Estrelando Victor Stenger. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 28 de agosto de 2009. Visualizado em 24 de novembro de 2010.
  9. Do Extraordinary Events Require Extraordinary Evidence? (em inglês). Estrelando William Lane Craig. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 18 de agosto de 2010. Visualizado em 28 de setembro de 2010.
  10. Evidence for God: William Lane Craig vs Lawrence Krauss (2 of 6) - Opening Remarks (em inglês). Estrelando Lawrence Krauss e William Lane Craig. Publicado no YouTube por drcraigvideos em 30/03/2011. Visualizado em 31 de março de 2011. Duração: 40:43. Momento específico: 22:20-....
  11. Arguments Against Atheism - “Absence of Evidence is not Evidence of Absence" (em inglês). Arguments for Atheism. Página visitada em 14 de janeiro de 2011.
  12. 12.0 12.1 12.2 Craig, William Lane. Santa Claus, Tooth Fairies, and God (em inglês). ReasonableFaith.org. Página visitada em 29 de abril de 2010.
  13. A Debate on the Argument from Contingency - Father F. C. Copleston and Bertrand Russell (em inglês). Página visitada em 26 de novembro de 2010. "Russell: No, I should not say that: my position is agnostic."
  14. Veja o debate entre Craig e Dacey.
  15. John Shook v. William Lane Craig Debate: "Does God Exist?" (em inglês). Estrelando William L. Craig e John Shook. Debate entre John Shook e William Lane Craig (link). Publicado no YouTube por centerforinquiry. Visualizado em 23 de setembro de 2010. Momento específico: 0:46:10.
  • Absence of Evidence is Evidence of Absence (em inglês). Página visitada em 27 de abril de 2012.
  • Retirado de Evidence of absence na Wikipédia anglófona (em inglês). Página acessada em 27 de abril de 2012.
  • Retirado de Argument from ignorance na Wikipédia anglófona (em inglês). Página acessada em 27 de abril de 2012.
  • Antony, Michael (2010). Where’s The Evidence? (em inglês). Philosophy Now. Página visitada em 9 de maio de 2011.
  • Arguments for Atheism: Lack of Evidence (em inglês). The Freethought Zone. Página visitada em 15 de fevereiro de 2011. "The fact that there is no valid reason to believe that a god exists justifies weak atheism (lack of belief in gods), but not strong atheism (belief that there are no gods). Lack of evidence for a proposition ("God exists" in this case) is, in and of itself, not evidence that the proposition is false. However, lack of evidence for a proposition combined with the expectation that if that proposition were true that evidence would be available does constitute evidence that the proposition is false. As an example of this reasoning, suppose someone claimed that there is a herd of invisible two-ton elephants stampeding through your living room. If such a claim were true there would be plenty of evidence in the form of broken furniture for example. Now you examine your living room and find no evidence for stampeding elephants. It is, of course, rational to believe that the elephant claim was false. Now lets consider the gods of the dominate theistic religions: Judaism, Christianity, and Islam. Each of these religions postulate a god that is concerned with human welfare and that performs miracles. If such a god exists, there should be ample evidence of the miracles that he works whenever human suffering is present. But human suffering certainly exists and there is no evidence of the theists' god. This constitutes evidence that this god does not exist."
  • Sagan, Carl. Dr. Carl Sagan quotes (em inglês). Thinexist.com. Página visitada em 17 de novembro de 2010. "Absence of evidence is not evidence of absence."
  • Argument 2: "Extraordinary claims require extraordinary evidence." (em inglês). SCEPCOP. Página visitada em 17 de janeiro de 2011.



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